segunda-feira, 31 de outubro de 2011

O dia das bruxas

Quando criança, meu sonho era comemorar o dia das bruxas. Tinha algo nessa festa que, analisando hoje, vejo porque eu gostava: o rebaixamento das abomináveis criaturas das trevas em algo cômico e banal. Entretanto, meu principal motivo de admiração era, e ainda é, a crença no poder transcedental do açúcar. Sim, caros, o açúcar é algo mágico! Duvidam?


Suponha que você é um homem. Desse tipo que até gosta de Clarice Lispector, mas jamais teria um livro dela na sua lista de favoritos (qualquer semelhança com pessoas vivas ou mortas é mera coincidência). Você não sabe escolher roupas nem há, para você, gradação na paleta de cores de esmalte que as mulheres usam (existe mais de 8 cores?). Entretanto, aqui começa seu destino trágico: você tem uma amiga que faz aniversário, e você não quer arriscar um livro ou cd, ou por não ser Phd no gosto musical dela ou por vergonha de ter de entrar na fila do caixa com um cd do Luan Santana ou do Jorge Vercilo. O que faz? Chocolate, a bênção de Montezuma.


Essa vale uma tese de doutorado: O açúcar é o pai da gula. Quantas outras coisas (além do sexo e dinheiro) você conhece que são fontes de prazer e de pecados capitais ao mesmo tempo? Tenhamos mais respeito por esse maravilhoso pó branco, que, combinado com outros igualmente indispensáveis para uma vida feliz (falo de sal e farinha de trigo, para aqueles que tem juízos preconceituosos), tornam nosso cotidiano mais alegre.


Isso sem falar que ele é algo que cria semelhanças entre os maiores desafetos políticos: Cuba produz açúcar como ninguém e os EUA consomem açúcar como ninguém (ainda que eu duvide que seja o açúcar de beterraba Fideliano, o consumido nas terras de Obama). Comunismo e capitalismo unidos pela diabete.


Por tudo isso, eu gostaria de mandar o discurso anti-imperialista tapar os ouvidos por alguns instantes e pedir para que celebremos o Halloween. Pensando bem, dane-se as fantasias e apenas me entreguem guloseimas. Quer saber, o Diabo que carregue o Halloween também, e comamos muitos doces todos os dias!!!!




"É você, Satanas? Espera um instantinho que eu já vou servir o jantar: um menino bem gordo. QUEM ESTÁ AÍ?"


"Outro gatooooo"


quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Novo professor de Latim

Recentemente fui informado que o departamento de Latim contratou um funcionário dedicado apenas ao ensino do caso acusativo singular:





Silvius Santus Abravanelis
"Maysammm, Patriciammmm roda a rodammmmm"


PS: Não gostou? Sem problema, eu também não.

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

A história secreta do Diabo




A história do carregador da luz, Lúcifer, para os íntimos da nomenclatura latina, foi sumariamente reduzida pela cultura geral: ele era um anjo que rebelou-se contra Deus e construiu uma espécie de novo reino para si. Porém, há alguns detalhes que recentemente tomei conhecimento por uma fonte, que, se não se importam, não citarei.

Enquanto ainda era funcionário celestial, o diabo ficou profundamente incomodado com o regime de serviço que o Senhor lhe impunha. Afinal, o trabalho era gigantesco e o reconhecimento quase nulo. Então, o Diabo passou a se dedicar a tentar conscientizar seus colegas de trabalho com sua opinião. Com o passar do tempo, o Diabo acabou valorizando mais a propaganda de suas idéias do que o serviço que tinha para cumprir, e tornou-se comum vê-lo andando pelos corredores, e pelas oficinas dos santos e dos anjos com panfletos e convocando para debates sobre a condição do anjo pós-moderno (sim, é daí que esse jargão tão elegante teve origem).

Um dia, Deus, do alto de sua paciência quase infinita, cansou-se e o chamou para uma conversa particular. Inflamado, o Diabo disse que estava cansado daquele tipo de organização que existia e que iria fundar um novo partido que seria o exato antípoda do paraíso, ficando no fundo da terra. Enfeitou o novo ambiente com caldeirões de breu e fogo e escolheu a cor vermelha para as paredes

Para começar seu governo, o Diabo uniu-se aos pré-cristãos que vagavam pela terra, pois tiveram a entrada proibida no paraíso por cometerem o enorme pecado de nascerem antes de Jesus. Passo a passo, o novo reino começou a se formar. Porém, o Diabo logo começou a achar que seus parceiros pagãos nem de longe eram tão brilhantes quanto ele, e que, portanto, o mais sensato seria que fosse ele, e apenas ele, a ficar com o poder absoluto, apenas por um tempo, pelo menos. Não tardou muito, ele se tornou tão autoritário quanto Deus e seu modo de conduzir que tanto criticava. Não pensou duas vezes, baniu-os para o limbo, onde estão até hoje.

Nossa conversa se estendeu por uma tarde, os demais detalhes eu talvez publique futuramente. O mais interessante, entretanto, foi a reflexão com a qual essa minha fonte encerrou sua história: "O Diabo foi o primeiro comunista: cansou-se do trabalho, abdicou dele em nome da conscientização, fez uma revolução pela igualdade, concluiu que, em verdade, ele era o dono da razão, e, aquele partido de cor vermelha, que começou cheio de boas intenções, virou um inferno."


PS: Outro nome que eu pensei em dar para essa postagem era "Marcello, um desiludido político", mas, ficaria muito sério. Isso é só uma brincadeira, se você quer ler coisas sérias, está no blog errado.

PS2: Eu adoro PSs.

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Com que dor no coração

Doeu, mas eu achei necessário fazer essa compilação de frases ruins ou inusitadas de grandes compositores. Sinto-me livre e um pouco mais imparcial ao satirizar pessoas que eu sempre tomei como exemplo e continuo achando acima da média. Muitos outros não entraram por falta de tempo e espaço.

Lenine
"O medo é medonho" - Definição digna do Aurélio.
"Eu fumo um e fumo dois, e guardo oito pra fumar depois" - Sem palavras
Zeca Baleiro
"Baby, vem viver comigo no mundo dos negócios. Traz o teu negócio, junto ao meu negócio" -Fusão empresarial ou metáfora sexual?
"Por Jesus, caio no Blues" - Já imaginaram Jesus tocando com B.B. King?
Djavan
"Tudo que Deus criou pensando em você: fez a Via Láctea, fez o dinossauro" - Que aparência terá essa mulher?
"Um lobo correndo em círculos para alimentar a matilha" - Entendo, afinal, "alcatéia", apesar de ser o coletivo certo, não rimaria com "ilha".
Chico Buarque
"Você vai se dar mal, etecétera e tal lalaiá lalaiála" - Se eu rimasse assim, seria crucificado.
"Amar uma mulher se orifício" - Esquisita? Que nada.
Zé Ramalho
"Meus vinte anos de boy, that's over baby. Freud Explica" - Acho que nem ele...

PS: Tudo isso passou por nossas cabeças: estão fora de contexto, não entendi o verdadeiro significado, fazem um sentido maior com a melodia, sou jovem demais para entender, "O Chico pode, né?".
PS2: Isso é apenas uma brincadeira. Se fiquei remotamente parecido com Reinaldo Azevedo nesse texto, avise-me, para que eu pule imediatamente da ponta do prédio do Santander Banespa.
PS3: Esse aviso e o de cima parecem versões do Playstation.

terça-feira, 26 de julho de 2011

É diferente, vem com a gente...

Existem dois artistas, dentre tantos outros, que considero muito a opinião: O cantor e compositor maranhense Zeca Baleiro e o cartunista argentino Quino. Existem duas frases que encontrei em suas obras que convergem na mesma direção. Na canção de Zeca, que atende pelo nome de Samba de um Janota só (Janota significa "idiota", e talvez o mais interessante seja o fato que esse samba tem um ritmo caribenho), perto do final, a seguinte frase é proclamada pelo cantor: "Eu penso que se todos quiserem ser diferenciados, no final, serão todos iguais".

Numa tira de Mafalda, a pequena pensadora encerra os quadrinhos com um comentário a respeito da postura de Miguelito, que, apesar de não saber o que vai ser quando crescer, afirma que não será apenas mais um do "montão": "Mais um que faz parte do montão dos que não querem pertencer ao montão".

Caso não tenha ficado claro, a minha postura é a seguinte: não é porque algo faz sucesso que não seja bom, e não é falando mal daquilo que não é "maldito" (sua benção, Macalé) unicamente por essa característica, que você, caro intelectual, estará acima da tão criticada "massa". Nesse gosto por ser diferente, contrário e, talvez, indefinível, seremos iguais a tantos outros também....


PS: Que diabo de postagem amarga, não?

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Quando um amigo me mostra algo "engraçado" na internet...

Em geral, é isso que acontece:






Mas, de vez em quando, é engraçado de verdade.

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Fora da Ficção...

José acordou no meio da noite sem saber ao certo o motivo de um ruído estranho que acontecera ao lado de fora. Seu cachorro latia muito, aborrecido.
Havia anos que abandonara todas as superstições e tolices sobrenaturais que agora chamava infantis. Ainda assim, apanhou o bastão mais próximo e rumou para fora da porta.
-O que foi, Rex?
Logo percebeu a origem dos latidos: a bolinha verde limão de brinquedo estava presa abaixo da casinha e o animal (o cachorro, no caso) não podia apanhá-la. Apesar de breve o distúrbio, achou que não conseguiria dormir outra vez, e então, se encaminhou para o banheiro. Fitou sua imagem cansada no espelho por alguns segundos, e teve impressão de que um vulto se mexia logo atrás: não passou de impressão. Baixou o rosto momentaneamente enxaguando-o e tornou a se olhar no espelho, viu refletida uma imagem disforme, mas não gastou mais que alguns intantes para perceber que era seu rosto não muito belo.
Porém, passaram-se alguns segundos, e as luzes se apagaram repentinamente. Logo, porém, constatou que apoiara as costas no interuptor.

Lembrou-se então que teria de trabalhar no dia seguinte, que nunca segurara na vida um revólver ou uma espada (ainda menos um varinha mágica), que nunca vira nada fora do comum e que suas "aventuras" não encheriam sequer meia página de best-seller. Foi dormir com a paz que só a vida banal de um zé-ninguém pode oferecer.

quarta-feira, 29 de junho de 2011

Para Manuel Bandeira

Ensinaste-me humildade e ver musicalidade nas palavras.
ensinaste-me a valorizar o pequeno e aceitar a morte.
Ensinaste-me a ver poesia em tudo.
Ensinaste-me que há várias formas do amor.
E também que há várias formas de humor.

Ensine-me agora a fazer um ensaio sobre você que valha dez.

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Na minha visita ao Psicólogo

-Pois não, Marcello, qual é o seu problema?
-Nenhum.
-Entendo... (o caso típico da não aceitação). Anda usando alguma droga, certo?
-Não, nunca usei nada.
-Ahh, sei... então sua religião não te permite e você gostaria de ter mais liberdade?
-Não, eu não uso porque não gosto. Sinceramente, se você precisa de alguma coisa para "abrir sua mente" você deve ser bem burrinho. E não sigo praticamente nenhuma reiligão.
-Entendo, e sua dúvida quanto a Deus lhe aflige...
-Não, eu não tenho problemas com isso: se eu acordar do outro lado da vida, ficarei feliz, se não... bom... não vou estar vivo pra lamentar.
-Já pude perceber que sua ironia revela uma vontade de ser engraçado para esconder seu caos interior.
-Eu acho que não, sabe. Eu sempre gostei de bom humor, eu assisto ao Chaves desde os três anos.
-Então seu trabalho é insatisfatório, você se mata ao longo do dia por algo que não lhe faz bem?
-De maneira nenhuma! Eu me mato sim, mas eu amo o que faço: Latim e Português.
-Olha aqui, rapaz, vai pro inferno, tá legal! Que diabos você tá fazendo aqui, então?
-Ora, doutor, todas as pessoas sérias do mundo vão ao psicólogo, psiquiatra e etc. Eu estava começando a me sentir superficial e burro por nunca, em dezenove anos, ter sentado em um divã.
-Ahh sei...
-O senhor se incomoda com isso?
-Não... o preço é cobrado por hora, não por satisfação com a consulta. Próximo!

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Quase um teste da Capricho

Edifício que há na cidade...

Na panela temperos e ternura.

A água nasce da fonte. Quem está lá cantando?




Se você não viu nada demais nessa poesia, a postagem acaba aqui. É só uma tolice que eu fiz para brincar...

Agora, se você viu algum simbolismo com a genitália masculina, restam duas opções:

a) Seu nome é Sigmund Freud;

b) Você é um daqueles alunos da minha faculdade que adoram interpretar poesias com essa intenção, e que, sinceramente, me fazem agradecer a Deus por ter a capacidade de ficar quieto.




"Dessa vez a piada passa, Marcello Zanfra. Até que você tem talento..."

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Como diria Juvenal

difficile est saturam non scribere.

Se era difícil não escrever sátira naqueles tempos, hoje em dia nem mesmo o mais cego dos homens conseguiria evitar. E é para isso que serve esse trambolho que eu pretensiosamente chamo de blog. Se você quer desabafos, reflexões metafísicas, problemas amorosos ou existenciais, procure em outros dos muitos textos que há por aí, eu não sirvo para isso. Não sei se já disse, mas para mim é difícil não escrever sátira.

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Com o perdão de Shakespeare

Se há algo que eu odeio no mundo, são as propagandas dos cursos de Inglês. Sempre aparece um rapaz franzino e de óculos (é aqui que meu orgulho se fere, caso não tenham reparado) que perde uma garota muito bonita, unicamente porque, ao contrário do galã, não sabia dizer: "Hello, give me a kiss, girl". Então, a você que também se irrita com tal jogada de marketing(o estrangeirismo não foi intencional) ,eu lanço como seria minha propaganda de um curso de inglês:

Entra um rapaz de cabelos desgrenhados e barba por fazer com um violão. Ele senta e começa a tocar e cantar:
"Você disse oi, e eu disse tchau"
Passa um empresário e diz:
"Toma vergonha na cara, que diabo de música é essa?"
Ele altera seu repertório:
"Fumaça na água... fogo no céu!!"
"O que que isso quer dizer, garoto? Canta alguma coisa que faça sentido!"
Surge então um homem que diz:
"Se ele falasse inglês, suas músicas seriam um sucesso e ele estaria rico. Venha para a nossa escola de idiomas!!!"

Tá na cara que vai colar, né? Não? Tudo bem, eu sou de letras mesmo, não de publicidade...

quarta-feira, 11 de maio de 2011

FFLCH Convida:




Breja das Almas: Tomando uma com Drummond.
Já que tudo acaba em cervejada...




segunda-feira, 9 de maio de 2011

Qual é o seu talento?

-Boa Noite.

-Boa Noite.

-Qual é o seu nome, bichinho?

-Eu sou Marcello Peres Zanfra.

-Nossa, mas três nomes não é coisa de artista... que tal só Marcello Zanfra?

-Ok.

-De onde você vem?

-Eu sou de São Paulo Capital, mesmo.

-E qual é o seu talento?

-Eu falo Latim.
.....................................

-É sério?

-Sim.
-Sério mesmo?

-Sim, eu também leio e traduzo Plauto, Cícero, Salústio, Virgílio, Catão e a turma toda.

-E para que serve isso?

.......................................
-Bom, eu acho legal...

-Olha, você me desculpe, mas para nós e para grande parte da platéia isso não serve pra nada. (uuuuhhhhhhhhhhh). Faça o favor de se retirar.

-Tudo bem...

-Por favor, manda entrar o cover do Justin Bieber que planta bananeira no piso em chamas.

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Um encontro com o Demo

Outro dia, lendo um gibi do Cebolinha, algo chamou minha atenção. Era um personagem que até então, passara despercebido pelos meus 19 anos de leitura fiel às produções de Maurício de Souza. Seu nome é Nico Demo.

Trajava uma roupa estranhamente formal para um garoto de sua idade (algo próximo à um smooking ou fraque), e tinha os cabelos loiros dividos de uma forma próxima a dois chifres, que combinados com seu nome, formam uma imagem sugestiva.

Pesquisei então na internet e descobri que ele fora criado em 1966, mas por apresentar um humor politicamente incorreto, e por vezes "negro", fora posto de lado por Maurício. Pude ver algumas tiras, e constei que realmente apresentam temas como a morte e mazelas sociais de modo não muito adocicado, como seria característico da turma da Mônica.

Nico foi lançado no período de vigência do regime militar ditatorial brasileiro, num momento onde a fuga à inocência das personagens era um modo de contestação e até de provocação. Porém, os tempos politicamente corretos baniram o personagem, talvez acreditando que ele não fosse adequado a um púbico infantil que atravessa uma fase de construção de valores e caráter.

Infelizmente, os tempos atuais me mostram que um garoto de tendências diabólicas é o menor dos problemas que podem existir.

domingo, 1 de maio de 2011

Datas comemorativas

Ao contrário de antigamente, sou contra as datas comemorativas. Não é por algum motivo clichê como uma crítica ao consumismo no qual essas ocasiões se tornaram, nem pelo orgulho ateu que vem emergindo e que acha que Natal e Páscoa não representam nada, nem por uma mentalidade reacionária que acha que temos que trabalhar incessantemente e que feriados são malvindos (perdoem o possível erro com o hífen). Mas sim, por algo realmente transcedental e que preza pelo bem público: Não aguento mais comerciais da Dolly com aquele monstrinho verde abraçando Papais-Noéis, Coelhos da Páscoa e recentemente, suas mães.

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Filosofia de Vida

Comer é o mais importante, pois sem comer você morre. E se morre... a que horas vai comer? E sem comer, para que viver? Viva o Chavinho!!!

domingo, 20 de março de 2011

Pró humor

Por esses dias tive acesso a um manuscrito romano que narrava uma conversa muito interessante. A autenticidade do documento não é de fácil verificação (já que ele mistura personagens históricos que nunca se viram), mas tem valor pela experiência. Sua história era mais ou menos assim:
Certo dia, num estabelecimento de comércio alcóolico de Roma, Cícero e Sêneca conversavam sobre o humor, e o que eles consideravam engraçado. Cícero disse, num tom de voz coloquial (até o maior orador da república era capaz de dentro de uma conversa de botequim, perguntar ao freguês de lado qual fora o resultado do futebol, ou algo que o valha):
-Não é segredo para ninguém que considero que desde que Plauto morreu, o humor está de luto. Aquele humor espontâneo e que servia como disciplina, que tinha jogos de palavras e que criticva nossa realidade trasportando -a para outro lugar, faz muita falta.

Sêneca assentiu com um movimento de cabeça leve (nada efusivo, como convinha a um estóico) e disse:
-Você também sabe que não sou dado ao riso: tais manifestações exaltadas são a pova do domínio do homem pelos seus sentimentos. Porém, revelo certo apreço pela ironia: aquele riso de canto de boca, escondido, que é alegre e triste ao mesmo tempo.

Nesse momento, um homem se levantou no canto do bar e veio a mesa:
-Os senhores me perdoem, mas preciso contar minha impressão sobre esse asunto. Para mim, não há nada mais engraçado que uma mulher semi-nua. - ao ver que Cícero e Sêneca trocaram olhares de incompreensão ele prosseguiu. - Em minha noite de núpcias, quando minha primeira esposa estava quase que inteiramente despida, eu não pude conter uma saborosa garagalhada. Não era deboche, apenas achei aquilo engraçado, como uma piada. Desde então, sempre que vejo uma muher sem roupas, eu começo a rir e não consigo fazer mais nada. Nada mesmo. - completou com um ar ressentido.

A estanheza daquela afirmação fez com que todos se retirasem e fossem embora, porém, a História (essa com H maiúsculo) foi, quase que em igual proporção, generosa com todos: hoje, os descendentes daquele oradorzinho anônimo estão ficando ricos e arrecadando milhões e milhões de reais colocando mulheres (e as vezes homens, blargh!!!) seminuas em programas de humor.

Se Cícero soubesse que o luto do humor está durando mais do que o normal...
PS: Deixo meu carinho a Chespirito, Chris Rock, Marcelo Adnet, Marcelo Tas, Paulo Bonfá e Marcos Bianchi, que são verdadeiros humoristas, entre outros.

quarta-feira, 16 de março de 2011

Leite de Burra

Para Manuel Bandeira e Chespirito.

Um dia mão estúpida, divertidamente os derrubou.
Tomba Madruga sobre o gesso,
Cai Barriga sobre o gesso, cai Frederico também.
(recolhi)Ri e assisti a esses fragmentos e tantos outros.

Hoje, esse programazinho comercial me fez refletir ,
que só foi verdadeiramente feliz quem os assistiu.


Se você aprecia poesia de verdade, procure a original: Gesso, de Manuel Bandeira. Isso foi apenas uma paródia de muito mau gosto, que une Bandeira e o Chaves. Se você não gostou, digo-lhe: está com toda a razão.

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Nova Cerveja

Agora que a consagrada bebida virou até tema de samba enredo (não que isso seja grande referência para o bom gosto), resolvi lançar minha marca também:

Skol Johnny Cage: Pra competir com a Antártica Sub-Zero. (Photoshop nada, eu tenho Microsoft Paint!!)

Eu sei, chama-se tempo de sobra... voltando as aulas acabam as idiotices, mas rir ainda é o melhor remédio, ainda que de trocadilhos infelizes.

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Considerações musicais



Reflexões pessoais sobre uma de minhas coisas preferidas:



1) Se você quer música brasileira de qualidade, procure! Se ficar esperando que grandes compositores vão ao programa do Faustão, Gugu ou Eliana espere sentado, ou melhor, vá ler um livro;

2) Não tenha medo de ofender os "deuses": não gosto dos Beatles (qualquer semelhança com a turma da Mafalda é mera coincidência) e me decepcionei com o último cd do Chico que comprei - Carioca-;

3)Boa MPB não é só aquela que o Tatit analisa na aula de Semiótica: existe muita gente nova de excelente qualidade que merece consideração, ao invés de babarmos eternamente aos pés de Caetano e dos outros consagrados;

4) A TV acaba comigo: Adoro Skank e Zeca Pagodinho, mas não aguento mais ver a cara dele e do Samuel Rosa em todo canal que eu sintonizo. Ainda estou tentando absorver o Zeca Baleiro num comercial de cerveja. (Ouçam a interessante parceria dele com Kléber Albuquerque na música "Tevê" do álbum O Coração do Homem Bomba vol. 2);

5) Não gosto de ópera, mesmo com a propaganda da Folha com o peixe cantando, tampouco música clássica: respeito e admiro, mas jamais colocaria no meu MP3 (sim, eu ainda tenho um Mp3, mas meu nome não é Fred Flinstone);

6)TODOS compositores tem frases infelizes, e ao saber que Chico, Caetano, Zeca, Lenine, Moska também derrapam, fiquei muito menos carrasco com os mais fraquinhos com as palavras;

7) No século XXI, um compositor que dedique doze em cada treze músicas a só falar de amor é muito pouco (quem me conhece sabe de quem eu falo);

8) Morro de medo dos "ecléticos": "Eu gosto de Parangolé, Metálica, Tati Quebra-barraco, Tom Jobim e Maria Cecília e Rodolfo, além de Kiko Zambianhchi";

9) Não aguento mais todo mundo cantando "Que País é Esse?". A melhor versão pra mim ainda é dos Paralamas;

10) Jards Macalé e Sérgio Sampaio são exemplo de excelentes compositores malditos, mas nem todos Undergrounds que não fazem sucesso são bons, alguns merecem o anonimato que possuem.



É só um breve desabafo, mas como vem de mim, não poderia vir mal-humorado.

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Crítica - Drácula de Bram Stoker


Ainda que a febre do momento sejam as histórias de vampiros, e que livros com as tais temáticas abundem e irritem a qualquer leitor que não tenha tendência a se apaixonar por um não-morto (na minha tradução da expressão usada pelo Prof. Van Helsing) esse é um livro que vale um pouco mais de reflexão, e por que não dizer, de diversão também.

O enredo é quase que de domínio público, em grande parte pelo sucesso da adaptação de Coppola que alterou alguns aspectos: Jonathan Harker é um corretor imobiliário que a mando de seu patrão (sempre são eles os culpados) vai visitar o castelo do Conde Drácula a fim de resolver algumas questões burocráticas sobre as aquisições recentemente realizadas pelo nobre em território inglês. Porém, ele descobre que seu anfitrião é uma criatura não humana que ruma para a Inglaterra buscando expandir seu domínio maléfico.

A crítica define a obra como de horror, mas ressalvas devem ser feitas a fim de se evitar uma injustiça: o terror que há em Drácula é sutil e inteligente, devido em grande parte ao modo como a narrativa se constitui. Composta com anotações de diários e fragmentos de reportagens e correspondências, temos ao menos 4 narradores que estão em grande parte sem saber com o que exatamente estão lidando já que a ordem que os textos são dispostos no livro foi elaborada após o meio da história, e como o leitor tem conhecimento de quem é o antagonista, acompanha angustiado os infortúnios que cercam as personagens até o seu momento de compreensão e partam então na caçada pelo vampiro.

O tempo da narrativa se desenvolve no século XIX, numa sociedade encarando o que seria o auge até então do desenvolvimento científico tecnológico que o homem havia experimentado. O deslumbramento pela tecnologia desfila pelos olhos do leitor na escrita taquigráfica, na máquina de escrever, no fonógrafo, nas 4 transfusões de sangue realizadas na mesma paciente com doadores diferentes sem que haja nenhuma reação contrária e etc.

A oposição entre os heróis e o monstro está fortemente atrelada à geografia onde se desnvolvem as ações: de um lado temos a Transilvânia supersticiosa, ignorante e retrógrada; do outro a Ingalterra culta, desenvolvida científicamente e cristã. Lá, o Conde é o poder máximo, aqui, ele é derrotado. A diferença também se manifesta nos valores que estão envolvidos: O grupo humano é honrado, corajoso, movido pelo amor e amizade e pela fé e obediência a Deus; Drácula é uma criatura herege e movida unicamente pelo instinto, incapaz de desenvolver sentimentos, e apesar dos anos de existência, mostra um cérebro infantil, agindo sempre com a mesma ideia fixa que o motivara em seu passado nos campos de batalha.

Ainda há muito a se falar sobre o papel da mulher, sobre a união da fé e da ciência, sobre a medicina caseira, mas eu já estou cansado. Até outra oportunidade. É um bom livro no qual eu paguei a exorbitante quantia de 6 reais (eliminar o intermédio do tradutor traz economia).