domingo, 20 de março de 2011

Pró humor

Por esses dias tive acesso a um manuscrito romano que narrava uma conversa muito interessante. A autenticidade do documento não é de fácil verificação (já que ele mistura personagens históricos que nunca se viram), mas tem valor pela experiência. Sua história era mais ou menos assim:
Certo dia, num estabelecimento de comércio alcóolico de Roma, Cícero e Sêneca conversavam sobre o humor, e o que eles consideravam engraçado. Cícero disse, num tom de voz coloquial (até o maior orador da república era capaz de dentro de uma conversa de botequim, perguntar ao freguês de lado qual fora o resultado do futebol, ou algo que o valha):
-Não é segredo para ninguém que considero que desde que Plauto morreu, o humor está de luto. Aquele humor espontâneo e que servia como disciplina, que tinha jogos de palavras e que criticva nossa realidade trasportando -a para outro lugar, faz muita falta.

Sêneca assentiu com um movimento de cabeça leve (nada efusivo, como convinha a um estóico) e disse:
-Você também sabe que não sou dado ao riso: tais manifestações exaltadas são a pova do domínio do homem pelos seus sentimentos. Porém, revelo certo apreço pela ironia: aquele riso de canto de boca, escondido, que é alegre e triste ao mesmo tempo.

Nesse momento, um homem se levantou no canto do bar e veio a mesa:
-Os senhores me perdoem, mas preciso contar minha impressão sobre esse asunto. Para mim, não há nada mais engraçado que uma mulher semi-nua. - ao ver que Cícero e Sêneca trocaram olhares de incompreensão ele prosseguiu. - Em minha noite de núpcias, quando minha primeira esposa estava quase que inteiramente despida, eu não pude conter uma saborosa garagalhada. Não era deboche, apenas achei aquilo engraçado, como uma piada. Desde então, sempre que vejo uma muher sem roupas, eu começo a rir e não consigo fazer mais nada. Nada mesmo. - completou com um ar ressentido.

A estanheza daquela afirmação fez com que todos se retirasem e fossem embora, porém, a História (essa com H maiúsculo) foi, quase que em igual proporção, generosa com todos: hoje, os descendentes daquele oradorzinho anônimo estão ficando ricos e arrecadando milhões e milhões de reais colocando mulheres (e as vezes homens, blargh!!!) seminuas em programas de humor.

Se Cícero soubesse que o luto do humor está durando mais do que o normal...
PS: Deixo meu carinho a Chespirito, Chris Rock, Marcelo Adnet, Marcelo Tas, Paulo Bonfá e Marcos Bianchi, que são verdadeiros humoristas, entre outros.

quarta-feira, 16 de março de 2011

Leite de Burra

Para Manuel Bandeira e Chespirito.

Um dia mão estúpida, divertidamente os derrubou.
Tomba Madruga sobre o gesso,
Cai Barriga sobre o gesso, cai Frederico também.
(recolhi)Ri e assisti a esses fragmentos e tantos outros.

Hoje, esse programazinho comercial me fez refletir ,
que só foi verdadeiramente feliz quem os assistiu.


Se você aprecia poesia de verdade, procure a original: Gesso, de Manuel Bandeira. Isso foi apenas uma paródia de muito mau gosto, que une Bandeira e o Chaves. Se você não gostou, digo-lhe: está com toda a razão.